Imaculada


A liturgia do Advento abre espaço este Domingo para a celebração da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Esta solenidade litúrgica é a coroa do dogma proclamado há 170 anos pelo Papa Pio IX, que clarifica a fé da Igreja desde sempre: Maria nasceu sem a mancha do pecado original em virtude da sua vocação – ser a Santa Mãe de Deus!

 

Esta verdade da nossa fé não está na Bíblia, como sabemos. Até porque não é intenção da Bíblia dar informações sobre a vida de Maria ou dos santos e santas, mas anunciar o plano de salvação de Deus, a revelação do seu amor e misericórdia para todos os homens e mulheres de todo tempo e lugar! É esse o assunto do hino que abre a carta aos Efésios, primeira leitura de hoje.

 

De um modo muito claro o Concílio Vaticano II na Constituição Lumen Gentium (LG), sobre a natureza e identidade da Igreja, recorda que todos os fiéis batizados participam de uma vocação universal à santidade, cada um de acordo com seus dons e carismas específicos (especialmente LG n. 39). Isso é dom e graça de Deus! Ninguém está privado deste dom e ninguém está fora dessa graça!

 

Porém, a realidade da nossa vida humana não é feita só de graça. Existe aquela triste marca da nossa finitude, do nosso ser fraco e inconstante: o pecado. Na liturgia desta solenidade da Imaculada Conceição, a liturgia recupera o capítulo 3 do livro do Gênesis, que nos coloca diante da dramática cena da desobediência de Adão e Eva e sua consequência, o pecado original, marca que todos nós herdamos e denuncia nossa dependência de Deus para que sejamos salvos do mal e da morte. Não, nós não somos salvos pela nossa própria força. É isso que vem recordar a carta aos Efésios: apesar da nossa fragilidade e da nossa incoerência humana, a última palavra sobre a nossa vida é sempre de Deus! A nossa vocação à vida da graça não é anulada nem mesmo pelo pecado!

 

Por isso é segura e bendita a fé de Maria, que é a fé de toda a Igreja! A resposta generosa de Maria ao Anjo demonstra que, se o nosso coração estiver realmente aberto à ação do Espírito de Deus, ele pode entrar e fazer maravilhas em nós e através de nós. Maria recebeu uma vocação e uma graça especiais, que a tornam uma pessoa ímpar no plano divino da salvação. Mas não é por sua própria força: é em virtude e por mérito de Cristo! Que a gente nunca se esqueça: Maria sempre aponta para Jesus!

 

O capítulo 8 da mesma Constituição Lumen Gentium nos ensina: Maria Imaculada é a primeira a viver a glória do seu Filho, antecipando à Igreja sua vocação e destino! Olhando para Maria antevemos o nosso próprio futuro já realizado! Que a Santa Mãe de Deus nos ajude a fazer o nosso caminho de fé com um coração generoso e sempre disponível ao Senhor nosso Deus!

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